Como Construir uma Favela / How to Build a Favela
- Favela Family
- May 6
- 3 min read

(English below)
Quando começamos o Favela Café Cultural em Portland, Oregon (EUA), a ideia inicial era simples: criar um centro comunitário com alma de negócio. Um espaço onde a comunidade — especialmente a brasileira e quem amava nossa cultura — pudesse se encontrar, tomar um café, ouvir uma boa música e, acima de tudo, se conectar.
Na época, organizávamos eventos para a comunidade brasileira, mas sentíamos falta de um lugar fixo, um ponto de encontro constante, quase sagrado, onde não fosse preciso um motivo específico para estar junto. Quando abrimos as portas, encontramos uma fila de pessoas esperando ansiosamente. Era como se todos soubessem, no fundo, que estavam buscando aquilo: um espaço onde você é chamado pelo nome — e aprende o nosso também. Onde fazer amigos não precisa de ocasião. Onde, em qualquer dia, você pode encontrar alguém tocando piano, dançando ou assistindo crianças correndo livres entre mesas.
No início, as pessoas ficaram tímidas. Não estavam acostumadas a um lugar onde ser humano vinha antes de ser cliente. Mas logo a magia aconteceu.
Realizamos Festas Juninas com quase 300 pessoas reunidas ao redor do café, com música ao vivo no estacionamento e quadrilha animando a noite. Criamos um Carnaval Brasileiro que, após 10 anos de história, recebia mais de 800 pessoas por edição. Organizamos um Festival Brasileiro anual que reunia mais de 2 mil pessoas celebrando nossas raízes.
E então decidimos mudar para Portugal, para construir mais comunidade deste lado do Atlântico.

Estamos abertos há apenas seis meses, mas parece uma vida inteira. Já colaboramos com mentes criativas internacionais, promovendo cursos, arte, música, mini festivais. Criamos conexões com empreendedores locais — da gastronomia à contabilidade, de artistas a donos de negócios.
E tudo isso só foi possível por causa do apoio, do amor e do cuidado que temos recebido. Mesmo nos dias em que duvidamos se esse projeto daria certo por aqui, as pessoas nos mostraram que sim.
A grande lição é simples: esse modelo funciona em qualquer lugar. Porque ser humano é um desejo universal. Todo mundo quer se sentir visto, ouvido, acolhido.
E é assim que se constrói uma favela — não no sentido físico, mas no verdadeiro significado da palavra: uma comunidade.
_______________________________________________________________
(in English)
When we started Favela Café Cultural in Portland, Oregon (USA), the original idea was simple: build a community center with the soul of a business. A place where the Brazilian community — and anyone who loved our culture — could gather, grab a coffee, hear some good music, and, most importantly, connect.
We were already producing events for the Brazilian crowd, but there wasn’t a permanent space to just be — a place that felt sacred, familiar, warm. When we opened our doors, we were met with a line of people waiting eagerly. Somehow, they knew what they were looking for: a space where we’d know your name — and you'd know ours. A place where you could make friends without an agenda. On any given day, someone might be playing piano, dancing, or watching their kids run wild through the café.

At first, people were shy. They weren’t used to a place where being human came before being a customer. But the magic happened.
We organized harvest festivals (Festa Junina) with nearly 300 people filling the streets around the café, live music in the parking lot, and square dancing. We built an annual Brazilian Carnaval that, after 10 years, welcomed over 800 attendees each year. We created a yearly Brazilian Festival that gathered over 2,000 people in celebration.
And then, we decided to move to Portugal, to keep building community — this time across the ocean.
We’ve been open here for just six months, but so much has already happened. We’ve collaborated with international creative minds to host courses, arts, music, and mini festivals. We’ve connected with local entrepreneurs — from chefs to accountants to business owners.
What’s blown us away is the support, love, and care we've received. Even on the days we weren’t sure this would work in Portugal, the people showed us that it could.
The biggest lesson: this model works everywhere. Because being human is a universal desire. People everywhere just want to be seen, heard, talked to.
And that’s how to build a favela — not the structure, but the soul of it: a community.
Comentarios